Resumo de
trabalhos de pesquisa recentes
Comentários
sobre os resultados de pesquisas obtidos no período 2009-2012:
·
Um
foco de pesquisa no período foi o estudo de gráficos mínimos verticais em Hn×R.
Tal estudo elaborado num trabalho em cooperação com Eric Toubiana da
Universidade de Paris VII foi de certa forma
uma continuação do estudo de superfícies mínimas, particularmente
gráficos mínimos verticais em H2×R, levado a termo em
[SE-T7]. Nós conseguimos
encontrar barreiras geométricas muito
bem ajustadas ao problema de Dirichlet. De fato, queremos destacar as
construções cruciais de duas hipersuperfícies
mínimas de tipo Scherk em dimensão arbitrária [SE-T8]. Sublinhamos que a descoberta das superfícies
mínimas de tipo Scherk em dimensão dois (n=2) foi feita por Barbara Nelli e
Harold Rosenberg no trabalho pioneiro destes autores [N-R]. Mais precisamente,
construímos junto com Eric Toubiana, um gráfico mínimo vertical em Hn×R
sobre o interior de um certo poliedro admissível de Hn,
a qual chamamos de primeira hipersuperfície mínima tipo Scherk, tomando
valor infinito numa face de um poliedro e valor zero nas outras faces. Além
disso, construímos uma segunda hipersuperfície mínima tipo Scherk que
é um gráfico mínimo vertical em Hn×R sobre o interior
de um poliedro de Hn
com 2k faces, tomando valores +∞ ou –∞
em faces adjacentes [SE-T8]. Desenvolvemos ainda outros resultados correlatos em
[SE-T8]. Por exemplo, usando barreiras geométricas obtivemos a solução do
problema de Dirichlet para a equação mínima em Hn×R, sobre
um domínio C0 convexo de Hn,
assumindo dados contínuos no bordo finito e no bordo assimptótico.
Para obter este resultado em [SE-T8], usamos uma nossa construção de uma hipersuperficie
rotacional de Scherk como barreira num ponto finito. Como barreira num ponto do bordo
assimptótico usamos uma hipersuperfície obtida em dimensão 2 em
[S-E], estudada em [SE-T7], e obtida em
dimensão arbitrária num trabalho conjunto com Pierre Bérard [B-SE1]. Obtivemos
também neste trabalho resultados de existência de gráficos mínimos sobre certos
domínios admissíveis não convexos, cujo bordo finito é o bordo do
domínio, e cujo bordo assimptótico é certo dado contínuo pré-determinado sobre
o bordo assimptótico do domínio [SE-T8]. Observamos, que a mesma ideia
geométrica destas construções pode ser aplicada à situação em que o espaço
ambiente é o Rn+1, o que leva a construção de hipersuperfícies
de Scherk, assim como a solução do problema de Dirichlet correspondente
no espaço Euclideano [SE-T8]. Lembramos o seguinte resultado clássico no
espaço Euclideano: Quando o domínio é de classe C2, Jenkins e
Serrin [J-S2] mostraram que a condição mean convex é
a condição necessária e suficiente para que o problema de Dirichlet para a
equação mínima no espaço Euclideano tenha solução (extensão mínima) tomando
dados C2 no bordo. Tal resultado foi estendido para dados
contínuos no bordo, por um argumento de aproximação em [G-T]. Quando o ambiente
é o espaço produto Mn×R, onde M é
uma variedade Riemanniana, o problema de Dirichlet para a equação mínima
tomando dados contínuos no bordo foi resolvido por J. Spruck, quando o domínio
é limitado e de classe C2, com a hipótese de que a curvatura
média do bordo está limitada inferiormente por uma constante positiva [Sp].
Resumindo: quando o ambiente é Hn×R,
usando barreiras geométricas-hipersuperfíces
de tipo Scherk, nós resolvemos o problema de Dirichlet
para a equação mínima num bordo C0
convexo e dados contínuos no bordo (a construção é válida também em Rn+1
).
·
Junto
com Barbara Nelli da Universidade de Àquila, Itália, demonstramos um vertical
half-space theorem para superfícies de curvatura média ½ em H2×R
[N-SE]: Mostra-se que uma superfície
completa de curvatura média ½, propriamente imersa na região mean
convex de uma rotacional simplesmente conexa, é uma
rotacional simplesmente conexa. De fato, quando o ambiente é H2×R
, a curvatura média é ½ e o fim é
um anel de revolução, sabe-se que este fim tem certo desenvolvimento
assimptótico em r (distância hiperbólica ao centro) e isto
implica num crescimento exponencial em r para
o fim [SE-T3],[N-SE-S-T]. O resultado mencionado, de certa forma,
é uma extensão do conhecido teorema do semi-espaço de Hoffman e Meeks [H-M2] no
contexto de superfícies de curvatura média ½ em H2×R
. A ideia da demonstração é simples e geométrica, consistindo em
utilizar uma família a um parâmetro de rotacionais como barreiras geométricas, levando em conta o comportamento
geométrico (crescimento assimptótico) desta família fazer um raciocínio por absurdo com o auxílio do princípio
do máximo.
─ Vamos
fazer uma pausa para comentar dois
trabalhos afins com o tema:
1 Um
resultado de semi-espaço no contexto de superfícies especiais de tipo mínimo no
espaço Euclideano foi obtido num trabalho
junto com Eric Toubiana. A ideia é a mesma de Hoffman e Meeks: Aplicar o princípio do
máximo lidando habilmente com uma família a um parâmetro de rotacionais
especiais a fim de chegar a uma contradição. O ponto crucial é que a família a 1-parâmetro de rotacionais especiais possui um
comportamento geométrico similar à família dos catenóides. Outro ponto
importante é que ao longo da família o vetor curvatura média possui a “boa”
orientaçao normal [S-T]. Para obter uma versão antiga clique aqui.
2 Junto
com Rosenberg deduzimos um resultado de princípio do máximo dentro de uma
superfície de Delaunay. Como consequência obtivemos um certo princípio do máximo no infinito e
generalizações para dimensões superiores
[SE-R].
·
Generalizamos,
com Pierre Bérard da Universidade de Grenoble, França, um conhecido teorema de
Lindelöf, investigando domínios máximos de estabilidade de hipersuperfícies
mínimas ou de curvatura média constante de revolução, considerando outros
espaços ambientes diferentes do espaço Euclideano. Em R3,
os semi-catenóides verticais são domínios máximos de
estabilidade (Propriedade de Lindelöf). Este é o teorema de
Lindelöf [Li], que esboçamos uma generalização e reinterpretação junto com
Pierre Bérard em [B-SE3], [B-SE4]. Obtivemos em Rn+1
uma generalização do resultado de Lindelöf no sentido que determinamos
os domínios máximos simétricos de estabilidade.
Também determinamos os domínios máximos simétricos de estabilidade quando o espaço ambiente é H2×R
ou H3.
Surpreendentemente, deduzimos em [B-SE3] que em Rn+1
(n≥3
) os semi-catenóides verticais não são domínios máximos de
estabilidade. Por outro lado, deduzimos que também em H2×R
e H3,
os semi-catenóides verticais também não são domínios máximos de
estabilidade. No entanto, os catenoids
cousin mergulhados satisfazem a propriedade de Lindelöf. Os
nossos resultados estão feitos em dimensão arbitrária no caso de Hn×R.
No caso de H3, Pierre Bérard e eu obtivemos
um aprimoramento de resultados de H. Mori [M] e de M. Do Carmo- M.Dacjzer
[DoC-D] sobre o índice e estabilidade da família dos catenóides mínimos
de H3, em termo do parâmetro [B-SE3]. Acreditamos que
estes resultados também se estendem para Hn,
mas não detalhamos as contas. Resumindo: No caso de R3
os semi-catenóides verticais são domínios máximos de estabilidade
(teorema de Lindelöf), no caso de H2×R e H3 os
catenóides não são domínios máximos de estabilidade.
·
Num
outro trabalho com Pierre Bérard da Universidade de Grenoble, estudamos
propriedades de hipersuperfícies mínimas no espaço produto Hn×R, onde Hn
é o espaço hiperbólico de dimensão n [B-SE1]. Introduzimos uma
noção de curvatura total neste ambiente e estudamos a sua relação com
o índice do operador de Jacobi (operador de estabilidade).
Deduzimos que, grosso modo, curvatura “total finita implica índice finito”.
Porém, a recíproca não é verdadeira, como mostram os novos exemplos que
construímos neste trabalho. Sobretudo, mostramos que certos problemas são
naturalmente colocados e investigados em dimensões arbitrárias.
·
Em
[SE-T3] Eric Toubiana e eu estudamos, além de outros fenômenos
geométricos, superfícies de rotação em H2
×R (« catenóides »), exibindo uma fórmula
explícita que tem se mostrado útil no desenvolvimento da teoria. Em [B-SE1],
usando a descrição de [SE-T3] mostramos que o índice (número de
autovalores negativos do operador de Jacobi) estes catenóides é 1 e descrevemos certos domínios de
estabilidade do operador de Jacobi, generalizando resultados clássicos para os
catenóides de R3. Estabelecemos o
seguinte resultado geral: Seja M
uma superfície mínima completa de H2×R.
Se a integral da curvatura intrínsica de M for finita, então o índice de M é
finito. A recíproca não é verdadeira, devido à existência de superfícies de
translação estáveis (são gráficos verticais)
[S-E], [SE-T7]. É bastante natural estudar esta classe de superfícies
(curvatura total finita) por causa dos resultados obtidos em [H-R] (e,
recentemente, também os resultados em [H-N-SE-T]). Em [B-SE1] deduzimos que a hipótese de finitude da integral de |AM|n
numa hipersuperfície mínima completa de Hn×R
implica que o índice de M
é finito, quando n≥3.
─ Abrimos
um parêntesis para observar que num trabalho P. Bérard e eu estudamos
hipersuperfícies em Hn×R de curvatura média constante (não nula) H,
construindo novos exemplos e fazendo algumas aplicações geométricas [B-SE2].
Por exemplo, construímos exemplos de hipersuperfícies de rotação e
hipersuperfícies de translação em Hn×R,
que são completas e com curvatura média constante H não
nula.
Entre elas, temos gráficos verticais inteiros e portanto hipersuperfícies
estáveis. Construímos exemplos de hipersuperfícies de curvatura média 0<H<(n-1)/n,
que são gráficos verticais completos definidos no exterior
de uma hipersuperfície equidistante de Hn e que
tomam valores infinitos no bordo (a hipersuperfície equidistante) e também tomam valores assimptóticos infinitos.
·
Num
trabalho com a cooperação de Maria Fernanda Elbert da UFRJ e de Barbara
Nelli, construímos exemplos de gráficos verticais de curvatura média constante H=½ em H2×R, sobre domínios
exteriores admissíveis em H2 [E-N-SE]. Tais
exemplos mergulhados são gráficos verticais possuindo um crescimento
fraco de um fim rotacional mergulhado. As ferramentas deste
trabalho são baseadas na construção de barreiras
geométricas modelos (superfícies rotacionais de curvatura média ½) combinadas com a teoria clássica,
fazendo uso do princípio do máximo.
·
Construimos
junto com Maria Fernanda Elbert em [E-SE] todas as hipersuperfícies
mínimas e de curvatura média constante em Hn×R,
invariantes por screw motions parabólicas. Dentre
estas hipersuperfícies modelos existem várias hipersuperfícies estáveis que são
gráficos inteiros verticais, bem como existem também outras que não são
gráficos verticais, mas são gráficos completos horizontais, sendo
alguns destes gráficos horizontais estáveis.
·
Estudamos
no artigo individual [S-E2] a chamada equação mínimal horizontal em
H2×R [S-E]. Deduzimos neste artigo um
teorema tipo Bernstein e colocamos
outros problemas em aberto de tipo
Bernstein no contexto de curvatura média constante ≤½. Além disso deduzimos um resultado
tipo Radó para esta equação.
·
Estudamos
junto com Laurent Hauswirth, Barbara Nelli e Eric Toubiana, os fins mínimos de
curvatura total finita em H2×R [H-N-SE-T].
Estabelecemos o comportamento de um tal fim fazendo uma descrição
geométrica completa, determinando a seção
horizontal deste fim, interceptando-o com um slice .
Este trabalho foi calcado em trabalhos anteriores como o estudo pioneiro
feito por L. Hauswirth e H. Rosenberg sobre superfícies mínimas e curvatura
total finita [H-R]. Também foi baseado na teoria das aplicações harmônicas desenvolvida
por Z. Han, L. Tan, A. Treiberg e T. Wan [H-T-T-W] e por Y. N. Minsky
[My]. Usando os resultados mencionados antes, e outros tipos de
argumentos, tal como o princípio de reflexão de Alexandrov, baseado no princípio
do máximo; conseguimos deduzir um teorema de unicidade de tipo Schoen no
contexto de curvatura total finita. Tal resultado caracteriza as superfícies
mínimas imersas em H2×R, com dois fins
distintos, completas, de curvatura total finita, cada fim assimptótico a um
plano vertical, como sendo as superfícies modelos descobertas
independentemente por J. Pyo [P] e por F. Morabito- M. Rodriguez
[M-R].
·
No
artigo individual [S-E3] estudamos uma classe de equações mínimas horizontais
em Hn×R, envolvendo uma família de EDP´s
elípticas de segunda ordem indexadas por um parâmetro ε no intervalo [0,
1]. Quando ε=0, obtemos a equação mínima horizontal que não é uma EDP
estritamente elíptica, em geral. Quando ε >0, obtemos uma
EDP estritamente elíptica chamada de ε -equação mínima horizontal.
Obtivemos estimativas a priori para o comprimento
horizontal e para o gradiente
no bordo que são bastantes gerais e bastantes naturais como
explicamos lá. Também obtivemos estimativas a priori globais para o gradiente
na presença de uma forte constraint sobre o comprimento
horizontal, que, parece ser um fato natural para este tipo de EDP. Este
fato está de algum modo relacionado com o seguinte fenômeno: não
existem soluções da equação mínima horizontal sobre um domínio limitado
estritamente convexo, que se anula sobre o bordo deste domínio e que são
contínuas até o bordo. Este fenômeno deveras surpreendente em dimensão 2
segue do asymptotic theorem deduzido em [SE-T7]. Em dimensão
qualquer, segue da generalização feita em [N- E-T]. Obtivemos também em [S-E3] no caso
bidimensional um resultado de existência para a ε
-equação mínima horizontal, ε >0.
Tal resultado combinado com nossas estimativas
uniformes a priori, junto com a teoria ellíptica clássica, acarreta num resultado
de existência para a equação mínima horizontal (ε=0). A unicidade do resultado de existência obtido para a
equação mínima horizontal quando os
dados no bordo possuem uma admissible
bounded slope condition segue do teorema tipo Radó mencionado
antes. Propusemos também para a ε
-equação mínima horizontal vários problemas novos que estão em aberto.
- À propósito,
gostaríamos de salientar que junto com Elias Marion Guio, estabelecemos
estimativas a priori para uma equação da curvatura média pré-determinada no
espaço hiperbólico. Clique aqui.
Na verdade, este trabalho foi
alicerçado na tese de doutorado de Elias sob minha orientação intitulada Estimativas a priori do gradiente, existência
e não-existência para uma equação de curvatura média no espaço hiperbólico,
defendida em abril de 2003.
·
Num
trabalho com a colaboração de Barbara Nelli e de Eric Toubiana
[N-SE-T], obtivemos uma caracterização do n-catenóide em Hn×R.
Os n-catenóide foram construídos
em [B-SE1] quando n≥3. De fato,
obtemos um resultado de tipo Schoen [S]
no contexto de curvatura total infinita. Também estabelecemos um princípio
do máximo para superfícies mínimas contidas num semi-espaço fechado. Além
disso, estabelecemos uma generalização do Asymptotic Theorem deduzido
quando a dimensão é dois em [SE-T7].
Finalmente, extraímos várias consequências destes resultados que sugerem
a forte influência do bordo assimptótico sobre a geometria da superfície mínima
ou hipersuperfície mínima em Hn
× R.
─ À
propósito, gostaríamos de assinalar que escrevemos dois textos com Eric
Toubiana sobre aplicações do princípio do
máximo clássico à teoria das superfícies mínimas e de curvatura média constante.
O primeiro texto consiste em várias
aplicações do princípio do máximo às superfícies mínimas e de curvatura
média constante no espaço Euclideano
e no espaço hiperbólico. Por exemplo,
resolvemos um problema de Dirichlet
exterior para a equação mínima no espaço Euclideano fazendo uso de estimativas geométricas e do processo de Perron. Também resolvemos alguns resultados de existência para a equação
mínima no espaço hiperbólico sobre anéis limitados. As hipóteses permitiram
obter estimativas a priori na classe C1 para assegurar o resultado de existência
alardeado. Clique aqui
para abrir o arquivo. O segundo é um artigo expositivo no qual discutimos
várias aplicações tanto geométricas quanto analíticas do princípio do máximo no
espaço hiperbólico. Deduzimos alguns
resultados de simetria e de semi-espaço
no espaço hiperbólico. Notadamente, demonstramos neste segundo texto o famoso teorema de Alexandrov e explicamos detalhadamente o chamado Alexandrov Reflection Principle. Além
disso, estudamos um problema elíptico
sobredeterminado de tipo Molzon- Serrin no espaço hiperbólico. Também
discutimos o processo de Perron para
gráficos mínimos verticais no espaço hiperbólico. Clique aqui para abrir o arquivo.
Por outro lado,
nos referimos ao artigo com Lucas Barbosa no qual aplicamos métodos geométricos
e de EDP para estudar hipersuperfícies de curvatura média constante no espaço
hiperbólico. Clique aqui.
Os artigos
mencionados acima podem ser baixados em Ricardo Sa Earp-Preprints
Referências:
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