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Re: Assuntos que caem nas olimpíadas



Como várias vezes eu já vi muitos professores de matemática discutindo
exatamente este assunto eu vou descrever alguns prós e contras já levantados
em discussões anteriores:
1) prós de cobrar polinômios, geometria espacial, analítica, logaritmos,
complexos, etc, em olimpíadas de matemática:
- aproxima a olimpíada mais ao que o aluno vê na sala de aula;
- diminuiria a aversão que certos professores de matemática tem por
olimpíadas, uma vez que o assunto cobrado em uma olimpíada é diferente do
que ele tem que estudar para dar aulas normais, fazendo com que uma pessoa
que já tem o tempo livre reduzido tenha que procurar por outros meios
conhecimento para resolver as questões para seus alunos.
2) contra de cobrar polinômios, geometria espacial, analítica, logaritmos,
complexos, etc, em olimpíadas de matemática:
- é notável como certos alunos que não possuem um desempenho muito bom na
matemática normal do colégio acabam por serem grandes alunos de olimpíadas,
uma vez que para estes a matéria cobrada em olimpíadas (jogos, teoria dos
números, geometria plana, etc) acaba por desafiar mais seu intelecto, e
convenhamos, boa parte dos alunos entre 11 e 18 anos gostam é de desafios;
- a prova de olimpíada vai ficar parecida com a de vestibular (por exemplo o
da fuvest, que é mais inteligante que existe cobrando polinômios,
logarirmos, etc). Isto é ruim, pois a idéia atual de vestibular na cabeça do
aluno é negativa, sendo o vestibular encarado com medo devido a uma possível
reprovação. Outro fato é que existem infinitos vestibulares no Brasil, e se
a olimpíada ficar parecida com o vestibular o aluno não vai mais querer
fazer, pois a olimpíada não vale vaga na universidade;
- como no ensino médio do Brasil alguns assuntos como polinômios, geometria
analítica, geometria espacial são ensinados somente no segundo ano do ensino
médio, os alunos de primeiro e segundo ano do ensino médio vão levar
desvatagem em relação aos de terceiro ano, e esta desvantagem não pode ser
admitida na competição. Por exemplo, com este estilo atual de prova o aluno
Humberto Silva Naves foi medalha de ouro na OBM de 1999 e o aluno Fabrício
Siqueira Benevides foi ouro na OBM 1998, ambos quando ainda estavam no
primeiro ano do ensino médio, e talvez (apesar de serem excelentes alunos)
estes poderiam ter mais dificuldade caso fossem cobrados assuntos que eles
não dominassem completamente;
- seria interessante manter a tradição dos assuntos cobrados nas olimpíadas.
Quem tem ou já viu aqueles famosos livros das comptições Húngaras de 1894
até 1928 (que são encaradas como as primeiras olimpíadas que se tem
registro) pode comprovar que o estilo da prova se mantem o mesmo até hoje,
depois de mais de cem anos de olimpíadas de matemática. Só para lembrar, a
primeira prova (de 1894) tinha uma questão de divisibilidade, duas de
geometria plana, uma de progressão aritmética e uma de combinatória. Pode-se
notar que o estilo é mantido até hoje, 107 anos depois.

Acho que é isso. Na minha opinão, não deveria mudar, pois a última coisa que
uma olimpíada quer é parecer-se com um vestibular. Eu tenho um exemplo aqui
no meu colégio em relação a Olimpíada Brasileira de Física de 1999 e 2000,
que lembram muito a prova da segunda fase da Fuvest, e por isso não atrai em
nada os alunos, já que não possuiam nenhuma questão mais desafiadora.

Até mais,

Marcelo Rufino de Oliveira
Coordenador da Regional da Olimpíada Brasileira de Matemática no Estado do
Pará


----- Original Message -----
From: <profeduardoo@zipmail.com.br>
To: <obm-l@mat.puc-rio.br>
Sent: Friday, May 25, 2001 6:42 PM
Subject: Assuntos que caem nas olimpíadas


> Caros companheiros da lista,
>
> tenho acompanhado essa nova fase da OBM e realmente houve um grande
desenvolvimento
> principalmente com relação a revista EUREKA!.
>
> Por outro lado, vocês não acham que os conteúdos cobrados nas provas
(principalmente
> na 1a e 2a fase) atrapalham o desenvolvimento da olimpíada?
>
> As questões cobradas são de bom nível e muitas vezes elegantes mas,
acredito
> que a presença de questões mais próximas da realidade da sala de aula
atrairia
> muito mais a participação de professores e estudantes. Conteúdos
específicos
> de polinômios, complexos, espacial, analítica, combinatória,...
facilitariam
> a participação de todos. O que acham?
>
> Nada contra as questões de raciocínio, mas procedendo assim, a olimpíada
> provocaria o estudo desses assuntos por parte de professores e alunos,
influenciando
> positivamente na formação dos mesmos.
>
> Que eu saiba, existem olimpíadas que trabalham desse modo, como a estadual
> de SP e a olimpíada norte americana.
>
> O que vocês acham?
>
>
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